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Há uns dias eu comentei que duas coisas ruins aconteceram, pois bem, hoje vou contar sobre uma delas.

Antes de mais de nada, eu acredito que ele nunca verá isto, mas se por ventura você estiver lendo isso, saiba que a minha intenção não é e nunca será te magoar!

Pra quem não sabe tenho uma irmã 2 anos e 5 meses mais nova, a Ana. Quando meus pais se separaram éramos muito pequenas e fomos morar em uma outra casa na mesma cidade. Pois bem, saímos de lá um tempo depois e da pouca memória que tenho dessa época, lembro que meu pai visitava-nos quando dava.

Viemos pra mais perto da capital, ficando cerca de 700km longe dele. Mas, todas as férias e Natal retornávamos pro interior pois lá também tínhamos família. Bem, chegou uma época em que o sítio aonde nos reuníamos foi vendido e ninguém mais ia pro interior. Nós continuávamos indo, pois minha mãe sempre fez questão que tivéssemos contato com nosso pai.

O tempo foi passando e eu e minha irmã não sentíamos mais vontade de ir, e contudo, fomos agregando atividades inclusive de férias por aqui. 

Meu pai nos ligava e podíamos conversar quanto tempo fosse, minha mãe nunca ligara pra isto.

Mudamos novamente de cidade, agora mais perto ainda da capital, já estávamos grande, eu no E.M. e Ana no Fund II. 

Meu pai nunca pagou pensão, na época da separação comprava roupas esporadicamente, mas nunca pagou a pensão alimentícia. Nós já estávamos precisando desse dinheiro, Ana queria tirar carta de habilitação, eu queria comprar minhas próprias coisas e o que ganhávamos era insuficiente, e minha mãe pagava aluguel, ou seja, não dava. Importante ressaltar que quando pequena meus pais fizeram um acordo de sempre manter eu e minha irmã em escola particular, acordo este que foi mantido pela minha mãe quando mudamos pra perto da capital e ela banca SOZINHA casa, luz, telefone, mensalidade da escola, uniformes, higiene pessoal, comida).

Quando decidimos por esta graduação, eu e Ana conversamos com ele sobre a possibilidade de nos ajudar com o valor, porque estava pesado pra gente e ele se dispôs a inicialmente ajudar-nos com R$ 100,00. Chegando a afirmar que quando estivesse em uma situação melhor, nos enviaria R$ 50,00 a mais. Foi assim na metade do primeiro semestre, ele nos ajudava e nós inteirávamos (nós pagávamos cada por volta de R$ 650,00 cada uma). Quando no segundo semestre ele decidiu se candidatar a vereador de sua cidade, ele deixou de nos mandar, afirmando que precisaria investir em sua campanha, e assim, pagamos sozinhas, pois Graças a Deus tínhamos essa condição, apesar de nosso salário como estagiária ser R$ 950,00. 

Tudo passou, este ano ele disse que iria voltar a ajudar, mas não aconteceu. Aliás, o que aconteceu foi muito pior.

Ele é palmeirense doente, roxo, e nós corintianas, fato que não deveria ser levado em conta, afinal somos suas filhas independente de tudo. Fiz um post no Facebook a respeito do show do Ed ter sido no Allianz Parque (estádio do palmeiras), e ele comentou duas vezes. Na primeira concordando com a minha opinião e na segunda me xingando. Pensei que fosse brincadeira, mas vi que o tom usado era sério. Pois bem, respondi e fingi que nada aconteceu, mas quando li pra Ana, ela ficou com muita raiva, porque não tinha motivo pra ele xingar sua própria filha por um simples comentário que ele mesmo havia concordado.

Por Whatsapp, ela mandou um texto à ele, em bom tom apenas indignada com o ocorrido. O que ela não sabia é que estava entrando em uma guerra. Ele a respondeu com palavras de ódio, sim, você não leu errado, ele cuspiu palavras de ódio para sua própria filha, dizendo coisas como "Certa é a minha irmã, sua tia, que nunca teve filhos", "Se eu pudesse escolher jamais teria tido", "Que Deus me castigue, mas me arrependo de ter tido". Ainda guardo a conversa pois tenho convicção de que um dia ainda a usarei pra algo bom.

Eu fiquei extremamente perplexa, a Ana foi dirigindo pra faculdade chorando o caminho todo e eu tive que ligar pra minha mãe pedindo pra buscá-la. Eu cheguei inclusive a questionar Deus, pois como era possível eu rezar tanto por uma pessoa e ela se virar contra mim? Não era uma pessoa qualquer, era meu pai. Aquele que mesmo sabendo que estava errado eu defendia a quem fosse.

 Eu faço isto hoje como um desabafo, pai. Eu estou compartilhando isto para que as pessoas vejam que elas não são as únicas, para que eu veja que não sou a única, que em algum lugar alguém já passou ou ainda passa por isso.

Eu te desculpo, você me deu uma justificativa muito chula perto do ocorrido, mas eu te desculpo, porque sei que você ainda se arrependerá do fundo do coração por um dia ter tratado assim quem mais te defendeu e quis o seu bem. Como eu te disse, as pessoas que tem o seu sangue.

E eu aprendi o que é estar no papel do filho, pra eu nunca, nem em pensamento, nem pela pior coisa do mundo, imaginar-me dizendo isto aos meus filhos.

Deus sabe o que faz e hoje o compreendo, isto me deixou mais forte e mais mulher. Tudo na vida é um aprendizado. Absolutamente tudo.

Desculpe pela extensão, eu realmente precisava tirar isto de mim.

Se você tem uma história parecida, mande e-mail ou comente aqui embaixo, é muito importante para mim!

Love,

Helena.